terça-feira, 31 de maio de 2011

Por amor às causas perdidas.


Tudo bem, até pode ser
que os dragões sejam moinhos de vento.
Tudo bem, seja o que for.
Seja por amor às causas perdidas.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

... só o que me interessa.

Me traz o seu sossego. Atrasa o meu relógio.
Acalma a minha pressa. Me dá sua palavra.
Sussura em meu ouvido - só o que me interessa.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Bem-me-quero, sempre.

Mal-me-quer, pensou com tristeza, vendo a última pétala. Depois lembrou que não tinha pensado em ninguém, e ficou ALEGRE outra vez. -Caio F.

- Devo, entretanto, avisar que não pretendo te esquecer nem deixar você em paz. Pode correr; pode fugir; que vou em busca de você, onde estiver: Cancelarei compromissos, emendarei feriados, mas tenho certeza de que te encontrarei de novo. Nem que seja por um só segundo. - Caio F.

domingo, 22 de maio de 2011

Ah mês de maio, não me largues nunca mais!

"É tempo de meio silêncio
de boca gelada e suspiro,
de palavra indireta, aviso na esquina.
Tempo de cinco sentidos num só."
(C. D. de Andrade)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Anseios. Urgências. Delírios.

"Ela sabia o que era o desejo - embora não soubesse que sabia. Era assim: ficava faminta mas não de comida, era um gosto meio doloroso que subia do baixo-ventre e arrepiava o bico dos seios e os braços vazios sem abraço. Tornava-se toda dramática e viver doía."

(LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela.)

Eu, que não digo,

mas ardo de desejo.
 Te olho. Te guardo. Te sigo. Te vejo dormir.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

"As únicas pessoas que me interessam são as loucas, aquelas que são loucas por viver,
loucas por falar, loucas por serem salvas.
As que desejam tudo ao mesmo tempo.
As que nunca bocejam ou dizem algo desinteressante,
mas que brilham como luminosos fogos de artifício cruzando o céu.”
Jack Kerouac

domingo, 15 de maio de 2011

Venha comigo para o reino das ondinas

Ah, me socorre que hoje não quero fechar a porta com esta fome na boca, beber um copo de leite, molhar plantas, jogar fora jornais, tirar o pé de livros, arrumar discos, olhar paredes, ligar-desligar a tevê, ouvir Mozart para não gritar e procurar teu cheiro outra vez no mais escondido do meu corpo, acender velas, saliva tua de ontem guardada na minha boca, trocar lençóis, fazer a cama, procurar a mancha da esperma tua nos lençóis usados, agora está feito e foda-se, nada vale a pena, puxar as cobertas, cobrir a cabeça, tudo vale a pena se a alma, você sabe, mas alma existe mesmo? e quem garante? e quem se importa? apagar a luz e mergulhar de olhos fechados no quente fundo da curva do teu ombro, tanto frio, naufragar outra vez em tua boca, reiventar no escuro teu corpo moço de homem apertado contra meu corpo de homem moço também, apalpar as virilhas, o pescoço, sem entender, sem conseguir chorar, abandonado, apavorado, mastigando maldições, dúbios indícios, sinistros augúrios, e amanhã não desisto: te procuro em outro corpos, juro que um dia eu encontro.

 Não temos culpa, tentei. Tentamos.

(ABREU, Caio Fernando. Ovelhas Negras.)